Não raramente, vários escritores imaginaram distopias do mundo marcadas por um pessimismo e ceticismo acerca do futuro da humanidade. Alguns escreveram livros, romances, poemas e até ensaios sobre o assunto, mas, particularmente neste soneto, Augusto dos Anjos imagina de um jeito bastante imaginativo como é a sua visão de distopia.
Uma boa semana a todos.
Idealização da humanidade futura
Rugia nos meus centros cerebrais
A multidão dos séculos futuros
— Homens que a herança de ímpetos impuros
Tornara etnicamente irracionais! —
Não sei que livro, em letras garrafais,
Meus olhos liam! No húmus dos monturos,
Realizavam-se os partos mais obscuros,
Dentre as genealogias animais!
Como quem esmigalha protozoários
Meti todos os dedos mercenários
Na consciência daquela multidão...
E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
Somente achei moléculas de lama
E a mosca alegre da putrefação!
Extraído de: Jornal da Poesia
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